Olá Elsa!
Eu Doutorei-me na área da química. Ou melhor, licenciei-me em química e depois acabei a fazer investigação em bioquímica, tanto no Mestrado como no Doutoramento.
A minha tese foi sobre caracterização de proteínas e construção de biossensores.
Acontece que ninguém escolhe este tipo de carreira a pensar em ficar rico...só mesmo por paixão é que alguém se dispõe a trabalhar em algo que nos exige tanto. Quando procurei a pessoa que me orientou no Doutoramento, o meu projecto era contruir sensores para análise de vinhos. Como a minha área de especialização era química analítica não me importei com as "biocoisas" lá pelo meio. O pior foi quando me puseram a fazer coisas que não tinham nada a ver com o projecto, coisas para as quais eu não tinha a formação de base nem o minimo interesse pessoal...
Foram 5 anos de pesadelo, quis desistir tantas e tantas vezes...Mas finalmente acabou!
Continuo a amar profundamente a ciência...tenho saudades do laboratório, de escrever sobre ciência, de falar sobre ciência. Mas não consigo mais continuar...Acabei com um curriculum fraquinho (os chefes ainda acham que temos uma espécie de obrigação moral de continuar a trabalhar sem receber até que eles achem que o trabalho é suficiente, e eu recusei-me a ficar lá um dia que fosse para além do meu contrato) e com um grande "amargo de boca".
Quando dizem que estamos no fundo da lista no que respeita a inovação, deviam olhar para as nossas Universidades...há gente a fazer um trabalho excelente...mas também há muita "carcaça", que geralmente é quem manda, e cujo discurso é, basicamente "fazemos o que sempre fizemos...porque é o que sabemos fazer".
Um dia destes faço um blog só para falar destas coisas...é assustador a falta de cultura científica na nossa sociedade. Quando surgem certas notícias no telejornal só me apetece gritar. Como aquela molecula fantástica descoberta por uma investigadora Portuguesa...se fosse mesmo fantástica tinham conseguido publicar numa revista diferente, provavelmente a "senhora" tem é um bom contacto na RTP; ou aquela jovem empresária que construiu um negócio de sucesso depois de mudar de área...se eu fosse filha dos pais dela de certeza que muitas portas também se abriam para mim...
Bom, o discurso vai longo e o meu forno já fez "ding"!
Bjs,
Alexandra